Durante a Segunda Guerra Mundial, as casas de alta costura em Paris passaram por diversos problemas, inclusive com a escassez de tecidos, levando várias Maisons a fecharem suas portas. Além disso a miséria assolava as classes mais baixas, e uma boa condição de vida se tornou ainda mais distante.
Foi então que Robert Ricci, filho de Nina Ricci e a estilista, juntaram-se a Câmara Sindical da Costura Parisiense para criar um evento de grande porte, que teria a renda dos ingressos revertida para às pessoas necessitadas e para restabelecer a alta costura na França. Assim nasceu a exposição “Le Théâtre de La Mode” (O Teatro da Moda), organizada inicialmente no Museu do Louvre com o apoio dos mais importantes estilistas e joalheiros franceses, dentre eles a própria Nina Ricci, Balenciaga, Hermès e Cartier.
Lá, bonecas que mediam entorno de 70cm de altura vestiam criações que incluíam roupas intimas e acessórios, de grandes estilistas. Tudo feito com muito cuidado e excelência, até os menores botões funcionavam corretamente.
A criação das bonecas ficou por conta de Eliane Bonabel já ambientação que era algo muito importante também (pois o cenário em que as peças estão inseridas nos ajudam a compreender o conceito das coleções) foram desenvolvidas por Christian Bérard e Jean Cocteau. Seus cenários iam desde casas de ópera, até cenas mais simplórias como ruas da capital francesa.
Mas felizmente, a ideia de apresentar as peças em bonecas não ficou apenas no passado. Há pouco tempo podemos ver a volta do teatro, por meio de duas coleções, a primeira: Spring-Summer 2021 da Moschino. A famosa exposição serviu de inspiração para Jeremy Scott, atual diretor criativo da marca, que em entrevista para a Vogue Runway disse se perguntar durante o desenvolvimento da coleção e da ambientação do desfile: “Qual seria a melhor maneira para eu dar a mesma experiência que você está acostumada, vindo ver meus shows ao vivo? ” E "Como eu poderia dar a você esse capricho, essa magia, essa fantasia?"
A Moschino é uma das minhas marcas favoritas desde que entrei no mundo da moda, pois as peças cativam e trazem consigo uma dramatização imensurável e fora do convencional. Algo que é marca registrada e vem de sua criação por Franco Moschino em 1983. Achei genial a forma como Jeremy adaptou a inspiração inicial e transformou o desfile em um elegante show de marionetes, com a ajuda de Jim Henson, criador dos Muppets e com direito a convidados como Edward Enninful e Anna Wintour, editores chefe da Vogue.
E a segunda, Dior com sua Haute Couture Autumn-Winter 2020-2021, que trouxe fielmente a exposição do Théâtre de la mode. O apresentando por meio de imagens surrealistas de seres encantados no momento em que se apaixonam pelas roupas da marca. Em seu filme que dura 10 minutos, intitulado “Le Mythe Dior” podemos ter uma imersão em um mundo regado a magia e mitologia, sem perder toda sua elegância. Concordo piamente com a revista francesa de moda, L'Officiel quando esta diz que a coleção é “Uma verdadeira alquimia do sonho Dior com a sétima arte. A nobreza da poesia artesanal em 37 silhuetas fascinantes”.
Olhando por meu lado de comunicadora visual e de alguém que é fascinado por produções audiovisuais, devo comentar que as produções são impecáveis e conseguiram me prender do inicio ao fim, pois cada detalhe é muito bem pensado. Tanto a Moschino quanto a Dior merecem aplausos.
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